Por Redação | Portal A Gazeta RM
Durante depoimento prestado ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última sexta-feira (30), o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, afirmou que nunca teve conhecimento de qualquer intenção de golpe de Estado por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro após as eleições de 2022. A declaração foi dada no âmbito do inquérito que investiga uma suposta articulação golpista para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Tarcísio, que foi ministro da Infraestrutura no governo Bolsonaro e permaneceu próximo ao ex-presidente mesmo após ser eleito governador, prestou esclarecimentos como testemunha indicada pela defesa de Bolsonaro. A audiência foi conduzida pela 1ª Turma do STF, responsável por ouvir depoimentos de aliados e ex-integrantes do governo federal.
Outras testemunhas
Além de Tarcísio, também prestou depoimento o senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil. Ele afirmou que, a pedido de Bolsonaro, coordenou o processo de transição para o novo governo e negou qualquer tentativa de obstruir a posse de Lula. Segundo Nogueira, não houve diálogo com teor golpista e o então presidente teria aceitado o resultado das urnas, ainda que de forma silenciosa.
O presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, que também estava na lista de testemunhas, foi dispensado de depor após solicitação da defesa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, também investigado no caso.
Contradições em depoimentos anteriores
Na semana anterior, dois ex-comandantes das Forças Armadas, o general Freire Gomes (Exército) e o brigadeiro Batista Júnior (Marinha), confirmaram ao STF que houve reuniões em que a chamada “minuta do golpe” foi discutida entre Bolsonaro, o então ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, e integrantes da cúpula militar. Os relatos desses militares contradizem as alegações de aliados civis do ex-presidente, apontando que a proposta golpista foi apresentada, mas rejeitada pelos comandos militares.
Denúncia da PGR
Em 26 de março de 2025, a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou ao STF uma denúncia formal contra Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas. Eles são acusados de tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e formação de organização criminosa.
De acordo com a PGR, o grupo teria atuado de forma organizada e articulada, dividindo-se em núcleos operacionais — civis e militares — com o objetivo de impedir a validação do resultado das eleições de 2022 e manter Bolsonaro no poder. A denúncia também cita o envolvimento direto do ex-vice na chapa presidencial, general Braga Netto, como um dos articuladores.
O processo segue sob análise do STF, que deve decidir nos próximos meses se aceitará ou não a denúncia, o que poderá abrir caminho para um julgamento criminal contra os acusados.
Foto: Tarcisio GDF/Arquivo Pessoal/Instagram